
O espetáculo foi apresentado no Teatro Municipal de Ribeirão Preto, na última quarta-feira (25).
Mais do que um espetáculo de dança, “Dancing Grandmothers” é uma celebração da diferença. Ao misturar bailarinos profissionais saltitantes e simpáticas senhorinhas coreanas, o resultado é uma explosão de fofura e muitas lágrimas por parte do espectador. Mas antes de falar qualquer coisa sobre o espetáculo, é preciso explicar o contexto em que foi criado.
Um belo dia, a coreógrafa coreana Eun-Me Ahn observou sua própria mãe dançando sozinha na cozinha. Ao ver a cena percebeu que cada corpo refletia não só sua história pessoal, mas também a trajetória histórica de seu país. Depois de um tempo, a diretora começou a viajar pelo interior da Coreia do Sul munida de uma câmera a procura de senhoras como sua mãe que topassem dançar para ela. Sua única indicação cênica era “VOCÊS SÃO LINDAS, FAÇAM O QUE QUISEREM”. Trechos desses vídeos são exibidos num telão durante o espetáculo e antecedem a entrada delas em cena.


A simples presença dessas mulheres dão um caráter fantasmagórico a obra. Parece que assistimos uma celebração irreconciliável da vida. E quando elas se misturam aos bailarinos profissionais, essa incompatilidade se mostra a mola mestra do jogo. E o espetáculo brinca o tempo todo com essa irreconciliação. Juventude e Velhice. Novo e Antigo. Rural e Central. Até a trilha sonora e a iluminação brincam com esses princípios.
Talvez o que o espetáculo queira nos dizer é que cada coisa contém em si sua própria essência e que ao nos permitir experiência-las encontramos a beleza da vida. Sei que posso soar um tanto quanto brega e piegas, mas é impossível não sê-lo ao relembrar daquelas mulheres dançando no palco do Teatro Municipal.


Sim. Um corpo que dança carrega em si a sua própria história e de seu país.
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Créditos: Todas as fotografias são da nossa fotógrafa Lisa Cristine (@lisaccristine).
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