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Os 20 anos do João Rock, um olhar para a diversidade

Foto do escritor: O HimalaiaO Himalaia

Atualizado: 13 de jun. de 2023


O que você fazia na véspera do aniversário de Ribeirão Preto do ano de 2002? Muito provavelmente você não deve se lembrar. Mas, se for uma das 12 mil pessoas que compareçam ao Estádio do Comercial no primeiro João Rock da história, com certeza você se lembra de muita coisa. Naquele 18 de Junho de 2002, 4 bandas subiram ao palco e fizeram história (CPM22, Titãs, Ira! e Cidade Negra).


21 anos depois, o João Rock continua a fazer história e marcar a cidade de Ribeirão Preto no calendário oficial dos grandes festivais do nosso país. Ao completar vinte anos, o projeto se mostra mais uma vez um acerto por trazer artistas das mais variadas vertentes musicais e por valorizar a arte produzida no Brasil.


Com 70 mil ingressos vendidos, o público aprovou a line-up eclética e que dessa vez mostrou-se muito mais inclusiva do que nos anos anteriores. Uma das grandes queixas era o número limitado de mulheres que figuravam entre as atrações. Pitty era quase que sempre a única artista feminina da programação, mas esse ano o Festival trouxe uma novidade. Provando que sabe ouvir e respeitar o seu público, o João Rock apresentou o Palco Aquarela que contou apenas com mulheres na condução dos shows. Majur, Marina Sena, Flora Matos, Manu Gavassi e Ana Carolina foram o ponto alto dessa programação de aniversário.


Essa coluna que já havia pontuado a falta dessa representatividade acompanhou os shows desse palco e conta tudo o que achou pra você.


Majur é uma força da natureza e dona de uma voz potente e marcante. Ter uma travesti preta praticamente abrindo os trabalhos desse ano é puro luxo. Ao terminar uma de suas músicas, Majur declarou em alto e bom som: “Sejam o que vocês quiserem. Eu sou travesti, preta e nordestina e estou aqui no João Rock".


Marina Sena botou o público pra dançar com seu hit "Por Supuesto" e também apresentou suas novas canções de seu segundo álbum "Vício Inerente": "Para mim é uma honra, porque é um dos primeiros palcos que eu faço o show da nova turnê. Tá sendo muito emocionante". Apesar de ser sua primeira participação no João Rock, Marina demonstrou muita segurança, visto que vem sendo um dos nomes mais requisitados dos festivais de música atualmente.


A rapper Flora Matos também fez sua estreia no Festival e apresentou as canções de seu novo álbum "Flora de Controle". Partindo de suas experiências pessoais, Flora que se define como uma Preta da Quebrada cantou durante quase duas horas e fez o público vibrar com suas provocações e reflexões musicais.


Manu Gavassi subiu ao palco com a plateia em polvorosa gritando seu nome. A artista que homenageou Rita Lee, falecida esse ano, provou que é muito mais que uma artista pop. Cantando músicas do álbum "Fruto Proibido", Manu contou ao público suas motivações: "Essa homenagem já era muito especial, já nasceu especial. Ele foi composto por uma mulher em 1970, o que já é inédito. Esse show é para homenagear Rita Lee e as musicistas brasileiras." E realmente a homenagem foi à altura, com uma banda composta exclusivamente por mulheres, Manu fez o público cantar sucessos como "Agora só falta você", "Esse Tal De Roque Enrow" e "Ovelha Negra".


E encerrando a noite no Palco Aquarela tivemos a cantora Ana Carolina cantando sucessos de Cássia Eller. Com seu já característico vozeirão Ana desfilou canções que emocionaram o público presente. Muito mais que covers, o que vimos foi a junção de duas artistas com identidades próprias. Apesar de alguns problemas técnicos, Ana Carolina fez um show muito bonito e isso se reflete numa de suas declarações de amor para a homenageada: “Sou fã-confessa da Cássia, inclusive brinco que sou fã de camiseta dela. Pra ter uma ideia, meu primeiro contato musical com ela foi ouvindo ‘Por Enquanto’, do primeiro álbum dela, na rádio. Fiquei impactada e desesperada pra saber quem era a cantora por trás daquela voz tão linda. Foi amor à primeira vista e nunca mais parei de ouvir tudo que ela fizesse”.

Crédito das Fotos: Pridia

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Apesar do Palco Aquarela, a única mulher a figurar no Palco Principal foi uma velha conhecida do público, Pitty. Seus shows são sempre memoráveis e o público ama, mas a iniciativa de trazer mais mulheres precisa se abrir também no palco principal. São tantas artistas maravilhosas que poderiam compor e protagonizar a line-up que nem me atreverei desta vez a enumerar nomes. Tivemos pela primeira vez uma artista trans, mas Majur tocou muito cedo e muita gente não viu. Isso pode e deve ser reavaliado na próxima edição. O fato é que um passo importante foi dado e deve ser festejado sim. Vida longa aos artistas, vida longa às mulheres, vida longa ao João Rock.

3 comentários

3 commentaires


Jéssica Romero
Jéssica Romero
13 juin 2023

Este ano não pude ir, mas com certeza passaria muito tempo nesse palco. Fico feliz que esse passo foi dado. No próximo acho que o avanço é colocar mais mulheres no palco principal. Só comparando, Flora Matos, por exemplo, tem vasto repertório e mais tempo de estrada que Lenon, ela poderia estar lá tbm e faria um showzaço.

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Arthur Moraes
Arthur Moraes
13 juin 2023

O palco aquarela! De fato, uma questão levantada por vocês e que funcionou muito bem no evento!

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martaluciabarbassa
13 juin 2023

Parabéns pelo texto. Vi os shows pela tv. Foi muito bom.

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